segunda-feira, 28 de novembro de 2022

As Fáscias e a Homeostase - Publicação 06

Ao iniciar mais esta postagem, expressamos o penhorado agradecimento aos 650.000 visitantes de todo o mundo às nossas publicações (*), os quais dignificam e incentivam-nos a prosseguir esta laboriosa atividade.


A presente publicação, orientada ao público leigo e em interpretação acessível, possui intenção meramente elucidativa, sem adentrar nas meritórias terapias profissionais, exclusivas aos médicos, e outros competentes e autorizados a tais procedimentos.

Justificativa:
A curiosidade sempre fomentou os estudos sobre a fisiologia humana em boa parte dos três quartos de século da minha existência e, neste tempo, durante a trajetória na especialização e mestrado (Ergonomia e Antropometria), firmei bases para pesquisar e interpretar vários fenômenos vitais de nosso organismo.

Assim, e com a humildade que sempre me distinguiu, transmito estas singelas publicações a todos os interessados que me honram em lê-las. E minha satisfação será completada ao receber vossos comentários ou críticas sobre esta ou anteriores publicações.

O que são as Fáscias:


Denominam-se “fáscias”, os feixes concrescentes fibrosos, por vezes laminares, que envolvem as estruturas musculares. Normalmente protegem as redes neurais que acionam os filamentos componentes dos músculos e órgãos sensíveis.

Assim, conclui-se que muitas alterações destes, tais estenoses de vasos, dolorosas contraturas involuntárias e outras, decorrem de excitação destas fáscias.
As fáscias são envoltórios protetores dos músculos

Observe-se que nossos nervos se constituem de fibras sensitivas, semelhantes a delicados e frágeis fios esbranquiçados, condutores de impulsos eletroquímicos, para acionar componentes musculares e outros órgãos, protegidos e agrupados em conjuntos filamentosos.

Origem da palavra:
O vocábulo “fáscia” é oriundo do latim clássico “fascis”, com significado de “feixe, grupo, ajuntamento,...” O termo foi habilmente aproveitado pelo regime político de Benito Mussolini, na Itália, em 1922, como “Fascismo”, na acepção de envolvimento sobre os valores individuais, “enfeixando” e restringindo as manifestações populares. Um dos ícones fascistas era o fascio littorio, que consistia num machado envolvido num feixe de varas, parodiado das cerimônias do Império Romano como um símbolo autoritário, antiliberal e totalitário.
O "Fascio Littorio"

Patologias:
Todo e qualquer traumatismo orgânico fica registrado no âmbito celular, induzindo as células e os tecidos a entrarem em disfunção e alteração de funcionamento, dando origem (muitas vezes só anos mais tarde) a variadas patologias.

A fáscia é constituída, sobretudo, por colágeno e elastina, o que permite relativa elasticidade e limitada resistência contra estiramentos excessivos.

Como as emoções experimentadas ao longo da vida acabam sendo somatizadas nas células e tecidos, resultam em alterar o funcionamento destes órgãos, incluindo nossa cabeça, que possui três dezenas de músculos capazes de demonstrar desde alegria até dolorosas patologias.

Nossa cabeça é repleta de fáscias

Pois, como todos os vasos, músculos, ossos, órgãos, são excitados quando estamos mentalmente sobrecarregados (irritação, desgaste, cansaço, incômodo, insônias, pensamentos e emoções desagradáveis) normalmente somos acometidos por compressões miofasciais, localizadas ou regionais.
Distribuição das fáscias pelo corpo
 
Tais alterações, comumente mentais, podem desencadear constrições físicas nos órgãos, produzindo ali, forças ou pressões localizadas, de até 100 quilogramas, provocando fortes dores, limitações de movimentos, mau funcionamento de órgãos, nervos, vasos, etc. Possuímos registros de estiramentos de fibras musculares, quando em pânico, com consequências de longo padecimento, abalando nossa homeostase (estabilidade fisiológica).

Os sufocados excessos mentais comprometem nossa homeostase

Obviamente, ao nos aliviarmos dos maus pensamentos e emoções negativas, podemos suavizar tais pressões e pontos dolorosos associados.

É indispensável aliviar as frequentes tensões

Estudos
Dentre várias causas celebradas, o estresse (estudado desde 1936 pelo médico Hans Selye) se destaca na desassossegada atualidade, onde sobrevivemos em constante apreensão. E esta perturbação psicofisiológica promove alterações hormonais, como a produção de adrenalina, decorrentes pensamentos negativos, falhas de interpretação e de perspectivas de vida. Casos mais severos de estresse podem suscitar taquicardias (aceleração dos batimentos cardíacos), aumento da pressão sanguínea e alterações gastro-entéricas (digestão difícil).



O Centro Dinamarquês de Pesquisa e o National Research Centre for the Working Environment estuda a correlação do contínuo estresse com a doença de Alzheimer. E estudos da Universidade de Buffalo (USA), concluíram que o controle do estresse diminui em 80% os sintomas de diarreia, indigestão e dores abdominais, incluindo a faixa etária das crianças.

 No Brasil, uma em cada sete crianças apresentam sintomas de ansiedade

Há poucas décadas, julgava-se impossível alterar esta estrutura, com inconsistentes resultados nas terapias então convencionais.

Atualmente comprovou-se que é possível liberar as tensões das fáscias, devolvendo a elasticidade, flexibilidade dos tecidos e decorrente restituição de colágeno e elastina, com diminuição do tensionamento na musculatura, compressão dos vasos, melhorando a circulação sanguínea e linfática, etc...

Algumas estratégias domésticas podem ser exitosas, estimuladas pelo próprio paciente, trabalhando as fáscias de todo o corpo, sejam elas musculares, viscerais, sacro cranianas... Ou até influir em pontos dolorosos, de acordo com a situação e conforme os locais a atingir.

A automassagem sob orientação profissional

Esta elementar terapia manipula toques ou compressões suaves para conseguir sentir e libertar tais memórias, tensões e somatizações fisiológicas, para que estes tecidos alcancem de novo a sua saudável flexibilidade e elasticidade.

Revelação das tensões
A expressão de nossa face é mestra em apresentar visualmente tais sensações supostamente ocultas e que tentamos dissimular. E, ao observarmos outra pessoa, sabemos identificar (ou desconfiar) de seu ânimo, dentre os infinitos degraus situados entre a alegria e a tristeza (ou raiva), ao verificarmos – ainda que involuntariamente – os músculos específicos da alegria, melancolia, mágoa,..

Expressões que atraem... ou afastam (**)

No auge do primeiro caso, as gargalhadas são os sorrisos mais autênticos, relaxam os músculos de nossa expressão e até outros do corpo, como os das pernas, quando a história é muito engraçada.

Alguns autores já identificaram duas dezenas de categorias de sorriso, mas este longo assunto pode ficar para outra oportunidade.


Concluindo, alivie as fáscias, são elas que acionam seus músculos, incluindo os responsáveis pela emissão da cativante aura de felicidade.

Prof. Darlou D’Arisbo

 
(*) Nossos Blogs: “engensaude”; “felizmotorhome” e “contosdarlou”.
Todas as fotos possuem origem na internet, com disponível e pública divulgação.
(**) A foto do autor não corresponde à expressão de seu humor habitual.

As Fáscias e a Homeostase - Publicação 06

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