sexta-feira, 2 de agosto de 2024

Patologias por uso de sapatos com salto alto - Publicação 07

 Prólogo

Sempre, ao iniciar mais uma publicação, evidencio minha gratidão a todos que me honram com suas presenças virtuais.  Hoje, 01 de agosto de 2024, conto com mais de 692.000 visitantes de todo o mundo, que valorizam meu trabalho nestas pesquisas, estimulando a continuidade neste mister altruísta e proficiente.  

Gostaria de poder agradecer à todos

E, como em todas, estas publicações também são dirigidas a público leigo, com propósito elucidativo, sem intenção de invadir o profissionalismo médico especializado.

Assim posto, humildemente apresento mais este corolário, alicerçado na melhor parte de meus três quartos de século de existência, nos 42 anos como professor e no mestrado na área de ergonomia e antropometria.

História

Surpreendentemente, os sapatos com salto elevado começaram a ser utilizados no século X dC, por artilheiros masculinos, para firmar melhor seus pés nos estribos, proporcionando mais firmeza ao flechar inimigos. 

Na época do Renascimento,  (século XVI), o salto ainda era utilizado somente por homens, porém com a intenção de revelar poder e autoridade. 

Apenas no decurso de 1800, as senhoras iniciaram a utilização, com a pretenção de tentar aproximar-se da estatura de seus acompanhantes masculinos, os quais,  na época vangloriavam-se de suas cartolas, parecendo ainda mais altos.

O estudo

Vários tratados científicos atuais têm estudado as decorrências patológicas em adolescentes, pela utilização de calçados com salto alto.

Dentre outros, esta é uma conclusão da dissertação de mestrado da fisioterapeuta Patrícia Angélica de Oliveira Pezzan, da Faculdade de Medicina da USP, sob a orientação da Profa. Dra. Silvia Maria Amado João.

O objetivo deste estudo foi analisar a influência dos calçados de salto alto e do tipo Anabella, na postura e na marcha de jovens entre 13 e 20 anos de idade.

Foram analisadas 50 usuárias e 50 não-usuárias desse tipo de calçado.

Concluiu que o uso do salto alto influencia de forma negativa tanto a postura da coluna lombar, pelve e membros inferiores. 


Patologias já sentidas (imagem FreePik)

“E se as adolescentes já começam cedo a fazer uso prolongado do salto alto, podem terminar a fase de crescimento – ósseo e muscular - com alterações na postura e na marcha. Essas alterações, ao longo do tempo, podem gerar dores, desequilíbrio muscular, estresse articular e até degeneração das articulações”.   

Em relação aos ângulos posturais, o estudo da FMUSP complementa  que o uso prolongado do salto alto, desde a adolescência, causa aumento da lordose lombar (curva acentuada na base da coluna) e posiciona a pelve em anteversão (“bumbum empinado”) com riscos danosos na coluna.

Outra consequência, em relação à postura, é a aproximação dos joelhos (“joelho valgo”) e o afastamento dos pés, deixando as pernas no formato de um “x”, pois o seu peso é projetado para frente, proporcionando anteriorização do centro de gravidade, com a alteração crônica do ângulo tíbio társico, sobre a parte anterior do pé.

Normal                  Valgus                     Varus 

O uso crônico do salto alto pode também causar postura de “Varus” em retropé (pé varo), descarregando o peso do corpo na porção lateral dos pés, provocando uma torção no calcanhar, que o inclina para fora, comprovado pelo gasto irregular da sola do calçado.

Meninas de 12 e 13 anos usando salto alto é algo que já não nos causa muito espanto, mas seus responsáveis desconhecem os graves problemas que este hábito pode trazer e que se manifestam a curto prazo, pois com um ano de uso frequente já começam a demonstrar sintomas, como desvios na porção lombar como hiperlordose e também desvio ósseo da pélvis.

Imagem de tensões no pé (gentileza Dr. Daniel Baumfeld)

Comprovações

Algumas revelações são flagrantes, como a observação das pegadas de senhoras que caminham na areia da praia. As marcas deixadas evidenciam a exagerada pressão na porção plantar anterior, próxima aos dedos. (similar as pegadas alguns animais, como os suínos) e frequentemente sentem incômodo em caminhar com os pés uniformemente apoiados no solo.

Além disso, os reflexos aparecem nos músculos e articulações, alterando tensões e equilíbrio. Muitos são os acidentes de quedas, principalmente ao acelerar o passo, como atravessar uma via de trânsito, com a possibilidade de atropelamento pós queda e suas trágicas consequências.

Como o processo normalmente é indolor e cumulativo, as patologias decorrentes serão sensíveis apenas tardiamente, com soluções impraticáveis ou com muito padecimento. 

Encurtamento dos músculos da panturrilha


Outro estudo

Uma publicação no The Journal of Experimental Biology, conclui que as fibras musculares da panturrilha das usuárias de salto eram, em média, 13% menores e mais enrijecidos do que naquelas que evitam o salto. O estudo foi liderado pelo Prof. Dr. Marco Narici, da Manchester Metropolitan University e comprovou em ultrassonografia que as fibras musculares eram menores e mais rígidas naquelas que usavam salto, com possibilidade de desenvolvimento precoce de varicoses.

Obviamente, este artigo não pretende causar polêmicas quanto ao uso do salto alto nas adolescentes e senhoras, mas sim e, devidamente embasado em resultados acadêmicos, alertar quanto às decorrências desta utilização.



Prof.  Darlou  D’Arisbo
Mestre em Antropometria


Recebi, com satisfação o comentário de um médico ortopedista da Ucrania, a qual transcrevo, traduzido.

“Tive oportunidade de observar 3.000 meninas estudantes e quase todas as usavam salto alto. Nestas, testemunhei a formação de graus variados de HALLUX VALGUS.  Com o prejuízo do apoio dos pés.  As cadeias músculo-fasciais foram comprometidas, como descrito em  "Atlas funcional do sistema fascial humano" Carl Stecco e no “Estudo de Meridianos Miofasciais de Trens de Anatomia” de Thomas Myers.

Estas meninas tenderão a apresentar vários problemas com a coluna vertebral, órgãos internos, diafragma, complicações no parto, com alta porcentagem de cesarianas e outros decorrentes. 

Infelizmente, este problema é comum, com longo padecimento e exigindo reabilitação de longo prazo, disciplina do paciente e paciência do médico.

Obrigado Dr. Darlou por um artigo tão atualizado.  Dr. Vladimir Tvirko (médico ucraniano)”

 

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