quinta-feira, 3 de novembro de 2022

Acidentes domésticos com crianças - Publicação 5


Esta publicação, com tema em palestra que ministrei, apoia-se no alicerce da Engenharia da Saúde, alertando sobre os riscos dos acidentes infantis, cuja ocorrência tem sido alarmante.
Muitas destas informações, coletei em dezenas de cidades e durante os 15 anos em que fui Engenheiro de Segurança do Corpo de Bombeiros em nosso município. Mas, recentemente, os episódios tem ocorrido com maior frequência e magnitude.

 

Inicialmente, uma reflexão oportuna:  "São Beda"


Justifico a divulgação deste, respaldado nas citações de São Beda, que foi um dos pioneiros reformadores do cristianismo, lá pelo ano de 700 d.C.

Afirmava ele que, para termos sucesso em nossa evolução, todos nós devemos:
1. Ensinar o que sabemos – (generosidade mental)
2. Praticar o que ensinamos – (coerência ética)
3. Perguntar o que ignoramos – (humildade intelectual)

A infância é a fase em que mais se aprende

E, a partir destas premissas, exponho alguns comentários sobre este importante assunto.  Pois considero que os acidentes domésticos com crianças são previsíveis, cabendo a nós, adultos, zelar pela integridade delas.

Adágios oportunos e valiosos que merecem ser lembrados:

Até cerca dos quatro anos de idade, as crianças não reconhecem os perigos.

Os registros do Ministério da Saúde do Brasil, alertam que, em 2021, morreram 3.600 crianças vitimas de acidentes domésticos e outras 111.000 foram hospitalizadas. Tal volume estarrecedor, foi ainda maior, considerando os fatos não registrados.



E, obviamente, pode ser nosso filho, sobrinho, neto ou aquela criança que comprometerá a vida. A dela e a nossa.
 
Curiosamente, durante o período de pandemia (Covid), quando os pais estariam em casa, as incidências dobraram de volume e gravidade.

Muitos objetos supostamente seguros e situações aparentemente inofensivas representam riscos e provocam acidentes: queda, envenenamento, choque elétrico, incêndio, dentre outros.
 
Costumo afirmar que as crianças são curiosas ou estão doentes!
 
Os acidentes são inesperados e trágicos 


Da imensa galeria de acidentes catalogados, destacam-se: 

Lesão nos olhos ou epiderme com plantas caseiras, principalmente as suculentas; Cortes com caco de vidro ou objetos cortantes; Dedos ou mãos lesionados (esmagados) em gavetas, portas, ferramentas.
 
Quedas por desequilíbrio sobre bases fixas ou instáveis (cadeiras, berços, janelas, sacadas,...).
 
 
 
As queimaduras podem ser provocadas por diversos agentes: 
 
 Físicos: com efeitos térmicos, por contato ou radiantes: Líquidos quentes, ferro de passar roupas, vapores, fogo, corrente elétrica, luz solar,...
 
 Químicos: por toque, inalação ou ingesta: solventes, soda cáustica, gases, alvejantes, medicamentos...
 
 Biológicos: contato, picada ou esfregadela: taturanas, formigas, águas vivas, urtigas,...

Os ingênuos riscos e os dolorosos resultados

Observemos que, não devemos deixar acessíveis (muito menos dentro de casa) as plantas tóxicas, tais como: Copo de leite, Antúrio, Comigo-ninguém-pode, Hortência, suculentas, espinhentas, e muitas outras espécies.
E lembremos que até os 18 meses, os pequeninos estão num dos estágios determinantes de sua sensibilidade gustativa e motora, a fase oral, onde tentam levar tudo à boca.

Os lindos vegetais podem ser perigosos

A casa (lar), tão aprazível e aconchegante, é uma ativa oficina de tarefas e um arsenal de ferramentas. E assim, é um "prato cheio" para proporcionar sérios riscos aos pequenos. Situação que requer uma atenção ininterrupta de vigilância. 
 
Algumas regras são necessárias:

Afastar as crianças do fogão (ou outra fonte térmica), pois podem puxar cabos das panelas, subir na porta do forno,...
Manter objetos cortantes (vidros, facas,...), fósforos, isqueiros,... em gavetas e armários com travas, elevados.
Evitar gavetas, bancos,.. ou mobiliário que permitam subir para alcance de peças perigosas.
 
 
A curiosidade é um fator indispensável para o desenvolvimento

Guardar produtos de limpeza em embalagens originais e fora do alcance das crianças.
E os inflamáveis, em locais seguros, sempre na proximidade de água fria (para imediata retirada de energia térmica, caso necessária). Lembrar que alguns tipos de álcool produzem chama invisível, de difícil identificação.
O vaso sanitário é local de acidentes e até afogamento de bebês. Mantê-los fechados e, se possível, com trava.

A bisbilhotice da criança é parte de sua base evolutiva, mas temos de conciliar com boa orientação, incentivo e cautela.    
   
Busquemos causas onde não imaginamos, 
e é sempre bom repetir:


Medicamentos e cosméticos devem ser guardados em lugares altos, inacessíveis aos pequenos. Se em locais baixos, trancados.
É difícil, mas devemos conscientizar as crianças que remédio NÃO é gostoso.
Trancar gavetas baixas (acesso a conteúdo), pois podem utilizar como degraus (evitar quedas).
Retirar aparelhos elétricos das tomadas e bloqueá-las após o uso.
Utilizar beliches ou berços com grades seguras.

Nunca presenteá-los com brinquedos perigosos, com farpas, partes deglutíveis ou possível inserção nas narinas ou orelhas.

Eletricidade: Fada ou Bruxa


Fiação sub ou mal dimensionada, tomadas inapropriadas, desconhecimento de potências, aparelhos geradores de calor, multi-conexões, contatos resistivos: são gatilhos para acidentes. 

 

 
E o nosso ingênuo desconhecimento não evita tragédias.
 
Alguns itens complementares

Nunca deixar baldes e bacias com água, no chão ou acessíveis.

Protejer as tomadas elétricas que estão fora de uso. 
Posicionar sofás ou cadeiras longe das janelas (queda e estilhaços).
Colocar portões ou grades no primeiro e no último degrau das escadas.
Cercar a piscina e manter o portão sempre fechado. É válido colocar lona e alarme.   
Conservar janelas e sacadas com redes ou grades de proteção.
 
Nos bebês, os riscos aumentam quando aprendem a virar, engatinhar, usar as mãos.  É parte do seu desenvolvimento natural.
 
Ensinamentos, cobranças e exemplos são indispensáveis:
O “NÃO” deve ser rigoroso, severo, seguido de explicação; convencer que “Lugar de pessoas é sobre a calçada e, de carros, na rua”, por exemplo.
 
A inconsequência e a imprudência são 
presentes na imaturidade
 
À esquerda, cena que presenciamos diariamente e, à direita a pior imagem que poderíamos receber: uma criança inerte sob o carro. 
 
 
Os acidentes são a principal causa de morte de crianças, segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria e, quase a totalidade deles poderiam ser evitados com medidas simples. Cabe a nós aprendermos a conciliar a segurança dos pequenos com a liberdade de circular, explorar e desenvolver-se de maneira saudável.

As crianças são atentas e os regramentos baseiam nos exemplos. Obviamente não podemos evitar informações negativas da mídia, coleguinhas, TV, internet.
Compete-nos convencê-las de selecionar tais referências e absorver saudáveis normas de comportamento.

Estamos inundados por modelos desprovidos de valores morais,
comportamentos desprezíveis, carentes de diretrizes honradas, .
Surpreendemo-nos, a cada dia, pela quebra de valores éticos, morais e religiosos: relegados em prol do individualismo, onde pessoas vangloriam-se por ter trapaceado, transgredido, mentido.

Não esqueçamos que a prosperidade de nossa comunidade (família, urbe, país,...) decorre da transformação das pessoas que nelas atuam e atuarão.
 
 As crianças serão administradoras do mundo
  

A atitude das pessoas, agregada aos ensinamentos e exemplos para as crianças, constitui um sólido alicerce para nossa comunidade.

 


Agradeço a todos os  que me honraram com a leitura de mais esta postagem, desejando que comentem e ou critiquem, considerando a magnitude desta temática, essência para o futuro de nossa família, comunidade e relação humana universal. 

Toledo PR, novembro de 2022
Prof. Darlou D'Arisbo - Antropometrista
(pai e avô)


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