terça-feira, 12 de outubro de 2021

Uma fonte de patologias infantis - Postagem 03

Da série “Engenharia da Saúde”

A preocupação de prevenir as doenças das crianças é algo meritório e que merece nosso devotamento e criteriosa atenção.  Todos nós sabemos do sofrimento dos pequenos, quando acometidos por patologias às vezes de demorada identificação.

São abundantes as fontes de contaminantes disponíveis, como os inorgânicos mais comuns: arsênio, chumbo, mercúrio, cádmio e outros metais pesados encontrados em alimentos, principalmente integrantes dos agrotóxicos aplicados em frutas, hortaliças e grãos. 

Não menos importantes são as infecções respiratórias (gripes, resfriados e outras mais graves), normalmente adquiridas por duas maneiras: direta, pelas secreções de criança contaminada (ao falar ou tossir) ou indireta, através de objetos, brinquedos, roupas, etc.  Estes contatos levam os agentes (vírus ou bactérias) às mucosas (olhos, nariz ou boca), podendo desenvolver tais patologias.

Mesmo as crianças assintomáticas podem propaga-las, ainda que vacinadas, agindo como hospedeiros meramente transmissores.  Algumas destas patologias são intensamente contagiosas, como a catapora (varicela), a caxumba (normalmente parotidite), as infecções no ouvido ou garganta (otites, amigdalites e outras).

As vacinas específicas vieram amenizar esta nossa preocupação de desenvolvimento destas doenças, mas considero extremamente difícil evitar que as crianças se mantenham afastadas destes riscos.  

Elas são hábeis em abraçar carinhosamente seus colegas, agarrar ou pôr a mão em quaisquer objetos.

O atual período de pandemia, ao exigir cuidados e distanciamentos, diminuiu tais infecções, comprovando a necessidade de aprimorar tais cuidados.

Mas o presente artigo, concordante em todas as informações antes citadas, intenta apresentar uma fonte de contágio, pouco lembrada e bastante utilizada pelos pequenos, principalmente na primeira infância.  

As piscinas infantis de bolinhas coloridas

As piscinas de bolinhas são mais que um mero brinquedo para as crianças. Ali elas sentem-se aliviadas em seu peso, pois parece que diminui o efeito da gravidade.  Os movimentos ficam mais fáceis e é possível pular, nadar, jogar-se, sem riscos de choques e dos decorrentes ferimentos.  E o exuberante colorido, alegra os olhos e permite imaginar-se em um mundo circense, mesmo ainda sem ter visitado um circo.  Enfim, é um brinquedo em que a criança mergulha nele, literalmente. Desenvolve o conhecimento cognitivo, estimula seus movimentos, aumenta a imaginação dentre outras benesses. 

O contato com as mucosas é evidente

Porém, é conveniente ressaltar que as piscinas de bolinhas consistem em um agente perfeito para este contágio, pois agregam vários fatores favoráveis, quis sejam:

·         A quantidade de objetos contamináveis é imensa (500 a 5.000)

  e cada bolinha é um veículo em potencial.

·         As mãos das crianças estão em contínuo contato nestes objetos.

·         Não há como evitar que as crianças tussam ou espirrem no local.

·         Obviamente, as bolinhas não são lavadas ou limpas a cada utilização.

·         O compartilhamento do brinquedo envolve várias crianças ao mesmo tempo.

·         O ambiente é limitado, cujo confinamento favorece a manutenção dos agentes.

·         O organismo infantil é mais frágil e suscetível às enfermidades por contágio.

As minúsculas gotículas provenientes do nariz ou boca de alguma criança infectada (mesmo sem sintomas) são aderidas às bolinhas coloridas e facilmente atingem as mucosas de outras.

Aliás, já presenciei mães, avós e babás, colocando crianças, entristecidas pelas decorrências destas patologias (adoentadas), nestes brinquedos, na doce intenção de alegrá-las um pouco.

E, como as piscinas de bolinhas são apropriadas para primeira infância, atingem justamente as crianças em sua fase mais suscetível de contaminação, quando é ainda menor a sua imunidade.

Um brinquedo atraente

Várias são as patologias e centenas as variantes de vírus existentes.  E a velocidade de contaminação é espantosa: pois em dois dias quase quinhentas crianças foram infectadas no centro de Washington (EUA), pelos mesmos vírus, supostamente oriundos de desconhecida fonte.   Embora as estatísticas estadunidenses sejam mais precisas que as nossas, sabemos que aqui também ocorrem surtos locais e regionais, lotando os consultórios médicos.

Muitos deste vírus oportunistas valem-se das baixas temperaturas para sua favorável transmissão, ocasião em que os ambientes estão fechados e as crianças mais aconchegadas.  

E é conveniente lembrar que muitos vírus ou bactérias atacam também o sistema gastroentérico (estômago e intestino) produzindo sintomas característicos (diarreia, cólicas, náuseas, vômitos, febre, evacuação intempestiva).

Assim como em outras atividades lúdicas infantis, devemos nos preocupar com as possibilidades de contágio de nossos pequenos, pois é grande a responsabilidade que nos cabe e o sofrimento que padeceremos com eles.

Enfim, este artigo não possui a intenção alarmista, mas sim esclarecedora, principalmente em relação aos equipamentos infantis de utilização coletiva, assim como as atraentes piscinas de bolinhas coloridas.

Prof. Darlou D’Arisbo – MSc 

Ergonomia e Antropometria

darisbo47@gmail.co

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